sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Leitura Complementar para o ENEM 2011

Capitães da Areia
Romance expressa ideal político
Jorge Viana de Moraes*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Os livros de Jorge Amado sempre foram excelentes argumentos para roteiros de filmes e de telenovelas. Todavia, uma de suas mais importantes obras até hoje não havia recebido uma versão cinematográfica ou mesmo uma versão da teledramaturgia brasileira. Trata-se do romance Capitães da Areia.

Mas parece que isto está prestes a mudar. Segundo o site Capitães da Areia, a segunda etapa de filmagens do longa-metragem Capitães da Areia teve início no dia 25 de janeiro de 2009. O site oficial do filme informa ainda que equipe, elenco e figuração já se encontram a todo vapor. Resta saber quando será lançado.

Enquanto isso não ocorre, saiba do que trata o romance que faz parte das obras de 1ª fase do imortal escritor baiano, que, naquela época, comunista partidário, procurava imprimir às suas obras uma visão crítica das contradições sociais do capitalismo. Daí a designação "romances proletários" para as obras dessa fase.
Resumo do enredo
Publicado em 1937, Capitães da Areia é o sexto romance de Jorge Amado, um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros do século 20. No prefácio ao livro, escreve o romancista que, com essa obra, encerra o ciclo de "os romances da Bahia".

A narrativa, de cunho realista, gira em torno das peripécias de um grupo de "meninos de rua" que sobrevive de furtos e pequenas trapaças. Por viverem em um trapiche velho e abandonado (uma espécie de armazém à beira do cais), os garotos do bando, liderados por Pedro Bala, são conhecidos pela má-fama de "capitães da areia". É lá, no trapiche abandonado, que Pedro Bala, órfão, (o pai foi morto à bala por liderar uma greve, daí a alcunha do garoto, enquanto a mãe tem o paradeiro desconhecido) se refugia com seu grupo.

A história é conduzida em função dos destinos individuais de cada integrante do bando. Assim, Jorge Amado ilustra a marginalização definitiva de uns (por exemplo: Sem-Pernas e Volta Seca) e a desalienação de outros, como Professor, Pirulito e Pedro Bala. Este, tomando consciência das injustiças sociais, ao final do romance, torna-se líder (tal como o pai), lutando ao lado dos trabalhadores grevistas. Pirulito, devido à vocação, descrita desde o início do romance, torna-se frade capuchinho, justificando a incansável luta de padre José Pedro em resgatar aqueles jovens da marginalidade. Padre José Pedro é uma das poucas personagens adultas, juntamente com a mãe-de-santo Don'Aninha, a se aproximar do grupo marginalizado.
Apresentação de algumas personagens
A personagem Pedro Bala é apresentada da seguinte forma pelo narrador: "É aqui também que mora o chefe dos Capitães da Areia Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus cinco anos. Hoje tem 15 anos. Há dez que vagabundeia nas ruas da Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu pai morrera de um balaço. Ele ficou sozinho e empregou anos em conhecer a cidade. Hoje sabe de todas as suas ruas e de todos os seus becos" (p. 21). Era loiro, 15 anos, tinha um talho no rosto, provocado por uma briga com o antigo chefe do bando, Raimundo, na disputa pela sua liderança. E, apesar de não participar de todas as cenas, Pedro Bala irá servir como linha condutora de toda a história, dando um caráter coesivo aos diversos quadros que são apresentados ao longo da narrativa.

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